No rastro dos sonhos

A ousadia é o guia os sonhos dos homens de sucesso.

Construir é a materialização.

Eliz Regina cantou e encantou dizendo que viver é melhor que sonhar. Eu concordo com ela mas acrescento, a gente materializa em vida o que sonha.

A data não é tão precisa pois este velho ranzinza não se lembra de tudo sem ajuda da tecnologia mas eis que uma das minhas fotos de passeios remete a 2021.

Fazia o tão espetacular trecho do vale da Ribeira, entre Bocaiuvas do Sul e Tunas quando ao passar pelo fantástica pousada que leva o nome da estrada, direcionava meu olhar a direita da sinuosa pista para contemplar os chalés que estão no sopé das altas montanhas. Logo em seguida percebo uma construção em andamento. As margens da estrada e com sinal de que seria algum ponto comercial, comecei a procurar pela internet se havia previsão de algum restaurante por ali.

Tempo depois, meses, talvez, começo a ouvir nos grupos de Whatsapp um senhor de voz serena e com o sorriso de quem estava tirando um sonho da prancheta. Meu entendimento é de que não era um empresário construindo um negócio.

Eu me lembro de quando ao final do meu curso de gastronomia sonhava em construir meu pequeno Bistrô, sem a intenção de fazer fortuna, somente para receber aqueles que apreciariam a boa comida que eu faria, talvez não a mais requintada, mas a mais dedicada pois seria onde receberia meus amigos.

Em Janeiro deste ano voltei ao Rastro da Serpente. Juntamos alguns amigos e fomos rodar.

Ja acompanhava o pessoal que construía o local pelas redes sociais e com isso coloquei um Waypoint no mapa da moto para dar uma paradinha por lá. Embora ainda estivesse fechado ao publico, uma senhora que cuidava do local abriu os portões para que pudéssemos conhecer o local – e atiçar ainda mais a curiosidade.

Paramos, fizemos várias fotos, observamos a admiramos o local e sempre com o pensamento:

O cara que fez isso aqui só pode ser apaixonado por motos e por esta estrada.

Registramos nossa passagem com uma dezena de fotos. A rampa foi a protagonista e fizemos fotos individuais e coletivas.

A grande sacada do sr Marcos – o ex sonhador que nos presenteou com este local – foi, sem dúvida, a construção da “rampa do serpenteando”. OK, ela por si só seria um amontoado de concreto e que só faz sentido por estar ali, junto do agora Café, junto do jardim que me faz querer voltar com a família e quem sabe plantar uma costelona num fogo de chão e passar o dia por ali.

Grupo na foto da rampa

Para o motociclista Curitibano nunca faltou opção de ir tomar seu cafézinho aos finais de semana, somos rodeados de belas estradas, bons cafés e quase sempre rodeados de bons amigos mas, todo lugar frequentado por nós não foi construído e pensado para o motociclista.

Agora elevamos nosso nível. Marcos e a família Turbay nos recebe como um amigo de infância nos receberia, com o afeto e com o sorriso que minha avó daria ao me ver passando pelos portões da sua casa.

Fitinhas de proteção ao motociclista.

Ao chegar somos abraçados por uma família inteira, Marcos, Michely, Vini e até o mais novo dos Turbays, o filho do Vini, vem de encontro a cada motociclista, motorista, ciclista que agora adotou o Serpenteando como seu ponto de parada.

Todos recebidos com a fitinha de proteção ao motociclista, um ritual que vemos se repetir centenas de vezes ao dia e todas elas a família Turbay abre o mesmo sorriso, a mesma emoção.

E minha primeira vez na rampa

Da rampa, disputada por todos os motociclistas ao sofá logo na entrada da casa, lugar que seu Marcos estrategicamente plantou um violão para os que arriscam dedilhar alguns acordes e contar suas histórias e estorias de estrada.

Os Turbay foram geniais, começaram a registrar a passagem dos irmãos da estrada em azulejos decorados onde nós, transeuntes da serpente somos agraciados com a lembrança, muitas vezes tácita, agora edificada em uma das dezenas de colunas que sustentam a casa.

Azulejo que eterniza nossa passagem

E la encontrei meu registro e fiquei emocionado em saber que somos o azulejo número 2 da casa.
Quando passamos por lá em janeiro fomos o primeiro grupo a subir a rampa.

Os pães da casa e buffet de gostosuras fazem este velho cozinheiro ter problemas em casa. Bem, normalmente eu saio pela manhã para meu passeio e sempre prometo voltar para o almoço mas o pãozão caseiro e o pernil desfiado me fazem voltar pra casa sonolento. ??

A churrasqueira ainda precisa ser inaugurada por nós. Ja prometemos mas ainda não aconteceu. Não vejo a hora de sentar naquele jardim, ver meu filho correr pelo gramado enquanto Johnny Cash acompanha o preparo de uma bela costelona na churrasqueira do sr Turbay

Eu poderia continuar aqui num texto tão longo quanto um livro de Platão mas este registro é pra ser breve assim como quase tudo que escrevo, alias, o hiato deste blog mostra que só tenho escrito sobre coisas que fazem diferença nos meus dias.

Obrigado, Turbay

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Ilicilho Netto Escrito por:

Sou diabético a 11 anos, usuário de bomba de insulina. Cozinheiro por paixão. Especialista em Segurança Cibernética. Motociclista, piloto de uma Road Glide Ultra. Apaixonado pela vida, fiel aos que me norteiam. "Sangue no olho e rock na veia, gasolina no tanque e insulina no corpo."